Poucas horas antes da Câmara do deputado Eduardo Cunha aprovar, na segunda-feira (11/04), na comissão parlamentar do impeachment, o relatório favorável a destituição da presidenta Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer protagonizou mais um episódio que o coloca, definitivamente, no centro da crise política brasileira. O "vazamento" do áudio de um pronunciamento em que ele fala como se a presidenta Dilma já tivesse sido afastada e propondo um governo de "salvação nacional", dando a entender que o próprio seria o "salvador da nação".
O discurso extemporâneo que transmitiu a noção geral de que Temer estaria "vestindo" a faixa presidencial antes da hora, gerou um mal-estar geral entre os partidários da deposição de Dilma. A hipótese oficial que teria sido um mero "vacilo" de Temer ao encaminhar o áudio para um grupo maior de pessoas do que o originalmente planejado, mesmo que não soe crível, demonstraria um despreparo temerário (com o perdão do trocadilho infame) para um postulante a salvador nacional.
O conteúdo do áudio, para quem esperava algo impactante, foi no mínimo decepcionante. Nenhuma nova frase de efeito como "Verba volant, scripta manent" ou outra citação do latim; ou ainda um qualitativo auto-depreciativo como o reconhecimento do seu papel de "vice-decorativo". Os vazamentos "descuidados" do Temer já foram bem melhores.
A tese do descuido acabou sendo desfeita quase que imediatamente. Temer deu a entender que era um "ensaio", um Media Training para seu marqueteiro preparar sua fala triunfante a virtual vitória do golpe na votação do domingo. Pode ser também isso, mas a intencionalidade da ação, para criar um fato político negativo contra a reação da presidenta Dilma e das forças contra o impeachment, ficou clara. Um dos caciques do PMDB ativos no plano de assalto ao poder, o ex-ministro Eliseu Padilha, deixou claro isso publicamente em sua conta no Twitter. (Imagem ao lado)
O discurso extemporâneo que transmitiu a noção geral de que Temer estaria "vestindo" a faixa presidencial antes da hora, gerou um mal-estar geral entre os partidários da deposição de Dilma. A hipótese oficial que teria sido um mero "vacilo" de Temer ao encaminhar o áudio para um grupo maior de pessoas do que o originalmente planejado, mesmo que não soe crível, demonstraria um despreparo temerário (com o perdão do trocadilho infame) para um postulante a salvador nacional.
O conteúdo do áudio, para quem esperava algo impactante, foi no mínimo decepcionante. Nenhuma nova frase de efeito como "Verba volant, scripta manent" ou outra citação do latim; ou ainda um qualitativo auto-depreciativo como o reconhecimento do seu papel de "vice-decorativo". Os vazamentos "descuidados" do Temer já foram bem melhores.
A tese do descuido acabou sendo desfeita quase que imediatamente. Temer deu a entender que era um "ensaio", um Media Training para seu marqueteiro preparar sua fala triunfante a virtual vitória do golpe na votação do domingo. Pode ser também isso, mas a intencionalidade da ação, para criar um fato político negativo contra a reação da presidenta Dilma e das forças contra o impeachment, ficou clara. Um dos caciques do PMDB ativos no plano de assalto ao poder, o ex-ministro Eliseu Padilha, deixou claro isso publicamente em sua conta no Twitter. (Imagem ao lado)
O fato mais importante do áudio do Temer é que deixou transparente, para todos, que uma conspiração sem povo foi forjada para derrubar Dilma.Temer não é apenas alguém conduzido pelos acontecimentos, mas um agente ativo.
Esse movimento pode ter sido precipitado, como já foi equivocada a ação de Temer e Cunha de retirar o PMDB formalmente do governo, como já foi comentado aqui no blog (veja aqui). Se até pouco tempo, Temer tentava construir uma imagem de aparente "isenção" e zelo institucional, deixando para outras lideranças do partido o papel do ataque a presidenta Dilma, mas conservando uma saída honrosa, caso o golpe fracassa-se.
O ponto de virada, nos movimentos de Temer começou, timidamente, em agosto de 2015, quando em um pronunciamento a imprensa, conclamou que o país precisava de "alguém que tenha a capacidade de reunificar o país." Os desmentidos posteriores do vice-presidente, ainda que pouco entusiasmados, de que não estaria ele próprio se colocando como alternativa a presidenta Dilma, viria posteriormente a ser seguida pelo vazamento de uma carta sua com críticas a presidenta.
A escalada da crise com o acirramento político estabelecido, levaram a conspiração para levar Temer ao poder a adotar uma nova estrategia, construindo uma espécie de campanha presidencial indireta para legitimar uma alternativa Temer. O movimento pecou por uma série de primarismos políticos que o inviabilizam em seu nascedouro. Mais do que isso, pode ser o combustível necessário para uma reação decisiva da presidenta Dilma em barrar o impeachment no plenário da Câmara.
A alternativa Temer, que já era profundamente impopular, como as recentes pesquisas de opinião demonstram, se esvazia ainda mais. A exposição e fragilidade da conspiração que buscava o impor na presidência, no entanto, pode levar a algum novo movimento ainda mais desesperado. Se o fizer, poderá cair em definitiva desgraça política, consagrando Michel Temer como o grande conspirador do golpe.
Esse movimento pode ter sido precipitado, como já foi equivocada a ação de Temer e Cunha de retirar o PMDB formalmente do governo, como já foi comentado aqui no blog (veja aqui). Se até pouco tempo, Temer tentava construir uma imagem de aparente "isenção" e zelo institucional, deixando para outras lideranças do partido o papel do ataque a presidenta Dilma, mas conservando uma saída honrosa, caso o golpe fracassa-se.
O ponto de virada, nos movimentos de Temer começou, timidamente, em agosto de 2015, quando em um pronunciamento a imprensa, conclamou que o país precisava de "alguém que tenha a capacidade de reunificar o país." Os desmentidos posteriores do vice-presidente, ainda que pouco entusiasmados, de que não estaria ele próprio se colocando como alternativa a presidenta Dilma, viria posteriormente a ser seguida pelo vazamento de uma carta sua com críticas a presidenta.
A escalada da crise com o acirramento político estabelecido, levaram a conspiração para levar Temer ao poder a adotar uma nova estrategia, construindo uma espécie de campanha presidencial indireta para legitimar uma alternativa Temer. O movimento pecou por uma série de primarismos políticos que o inviabilizam em seu nascedouro. Mais do que isso, pode ser o combustível necessário para uma reação decisiva da presidenta Dilma em barrar o impeachment no plenário da Câmara.
A alternativa Temer, que já era profundamente impopular, como as recentes pesquisas de opinião demonstram, se esvazia ainda mais. A exposição e fragilidade da conspiração que buscava o impor na presidência, no entanto, pode levar a algum novo movimento ainda mais desesperado. Se o fizer, poderá cair em definitiva desgraça política, consagrando Michel Temer como o grande conspirador do golpe.
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