A agenda do golpe segue implacável. Com a banalização quase diária de escândalos do já decrépito governo Temer, a retirada de direitos da população segue sendo sua única tábua de salvação. O apoio dos grandes detentores de capital a chamada agenda de "reformas", no entanto, não é o suficiente para garantir ou explicar a continuidade do governo.
Neste cenário, onde todos os setores populares, de uma forma ou de outra , está sendo vitima direta desta agenda, a atual letargia dominante no Brasil não deixa de causar espanto. Muitos se perguntam, como as pessoas ainda não se revoltaram? Como o país ainda não está em chamas?
Neste cenário, onde todos os setores populares, de uma forma ou de outra , está sendo vitima direta desta agenda, a atual letargia dominante no Brasil não deixa de causar espanto. Muitos se perguntam, como as pessoas ainda não se revoltaram? Como o país ainda não está em chamas?
Um governo com o pior índice de aprovação do mundo (90% da população reprova o governo Temer, conforme últimas pesquisa), conta justamente com a banalização dos escândalos para se manter no poder, através da obscenidade como forma de governo. Comprar dezenas de deputados através de emendas que contabilizam mais de R$15 bilhões ao orçamento federal parece ser um problema menor, frente ao escândalo do dia seguinte.
Nada parece "revoltar" aqueles que outrora bradavam contra as tais "pedaladas fiscais" da presidenta Dilma. Aquelas milhares de pessoas que mobilizaram-se pelo impeachment sumiram. Não chega a surpreender. Sobre os paneleiros e verde-amarelos não esperava-se outra coisa senão esta cumplicidade cínica (ou será vergonha?) que observamos hoje. Setores com pouca ou nenhuma tradição em ocupar as ruas, tendo seu objetivo maior alcançado, perderam qualquer capacidade aglutinadora. O importante era tirar o PT do governo, sem esse elemento, sobraram apenas murmúrios contra Temer nas redes sociais e um apoio virtual irrestrito a agenda neoliberal e conservadora.
Nada parece "revoltar" aqueles que outrora bradavam contra as tais "pedaladas fiscais" da presidenta Dilma. Aquelas milhares de pessoas que mobilizaram-se pelo impeachment sumiram. Não chega a surpreender. Sobre os paneleiros e verde-amarelos não esperava-se outra coisa senão esta cumplicidade cínica (ou será vergonha?) que observamos hoje. Setores com pouca ou nenhuma tradição em ocupar as ruas, tendo seu objetivo maior alcançado, perderam qualquer capacidade aglutinadora. O importante era tirar o PT do governo, sem esse elemento, sobraram apenas murmúrios contra Temer nas redes sociais e um apoio virtual irrestrito a agenda neoliberal e conservadora.
Os movimentos sociais e a esquerda, principalmente com seus setores de vanguarda, seguem nas ruas e resistem bravamente. Mas o que realmente espanta, na verdade, são os demais setores da população. Aquela maioria silenciosa que, incrivelmente, segue silenciosa.
Nada parece capaz de revoltar e mobilizar as massas para as ruas!
Não parece que neste mesmo país, durante as chamadas "jornadas de junho" de 2013, milhares foram as ruas motivadas contra um aumento de 20 centavos nos ônibus de SP, ou melhor, "não apenas pelos 20 centavos", como dizia-se a época. Impressiona ainda mais que toda aquela profusão e efervescência de movimentos não deixou legado algum, afora "movimentos" instrumentalizados pelo capital como MBL e o Vem Pra Rua, fundados naquele momento.
Junho de 2013 virou apenas uma lembrança, não deixou lastros, afora poucos e episódicos exemplos. Do ponto de vista da esquerda, seu sentido geral é nulo. Sobraram apenas alguns espasmos sociais de baixo alcance, imperceptíveis na conjuntura nacional. Talvez na forma e na estética de alguns grupos, mas estas "novas narrativas junhistas", como regra, estão sufocadas ou simplesmente sequestradas pelos poderosos de sempre.
Se, ao que parece, tão cedo não teremos um "novo junho" e tão pouco a "esquerda tradicional" consegue mobilizar as massas - única forma de barrar a agenda do golpe - qual alternativa devemos buscar? Não tenho fórmula mágica para apresentar, apenas desconfio que, se seguirmos da forma como estamos, com os setores majoritários da esquerda apenas esperando a chegada das eleições de 2018 como forma de superar a agenda golpista, teremos grandes problemas. Esta opção nos levará, de forma inexorável, ainda mais para o buraco e, talvez, para uma condição de pura barbárie social, caso a agenda golpista seja plenamente vitoriosa.
No entanto, esta ausência atual de movimentos massivos nas ruas pode ser apenas um prelúdio. Algo como uma calmaria que antecede a tormenta.
Se o inegável déficit de cidadania explica, em parte, a insuficiente mobilização popular que estamos observando, não significa que não exista um desconforto social generalizado. A pressão social é real e a insatisfação popular, ainda que amorfa e silenciosa, poderá, a qualquer momento romper a apatia e converter-se em violentos e incontroláveis movimentos contestatório. Os elementos que podem promover essa revolta não são claros, como nunca o são até que ocorram.
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