Como muitas pessoas, quando comecei a despertar politicamente, uma figura que surgia como uma referência incontornável: Ernesto Che Guevara. Personagem icônico da esquerda latino-americana e mundial, sua imagem evoca a rebeldia e o inconformismo revolucionário para aqueles e aquelas que não aceitam passivamente o mundo com toda a suas injustiças. Para mim, naquele momento, Che representava precisamente isso: um símbolo. Forjado pela sua trajetória de vida, pelos seus exemplos práticos.
O pensamento de Che Guevara Michael Löwy Editora Expressão Popular |
O livro de Löwy foi escrito em 1969, dois anos após a morte de Che Guevara em uma emboscada na Bolívia, quando o mundo ainda buscava compreender os ventos avassaladores do Maio de 1968 e a rebelião global dos estudantes e da juventude. A figura de Che, já convertida em mártir da revolução, se fazia presente, com seu rosto estampado em cartazes e camisetas, nos protestos pela América Latina, EUA, Europa e Ásia.
A imagem do rebelde, que abdicou da certeza de uma revolução vitoriosa em Cuba para arriscar a tudo indo difundir a revolução no terceiro mundo, primeiro na África, posteriormente na Bolívia, ganha profundidade após a leitura deste livro. Löwy faz uma competente síntese da contribuição teórica do revolucionário argentino-cubano. Traz um bom apanhado das leituras feitas por Che, quais eram suas bases teóricas, além de mostrar as motivações éticas, políticas e humanistas, destacam-se textos e temas, como o pensamento filosófico, suas reflexões econômicas e da guerra revolucionária, que tratam dos desafios enfrentados por Che na revolução cubana.
Um livro, que em nosso juízo, vale a leitura tanto para aqueles que conhecem pouco sobre a vida de Che, como para aqueles já iniciados. O legado de Che segue vivo, como conclui Löwy, "o pensamento de Che, continua a brilhar, a incendiar por toda a parte novos braseiros, a fazer brotar por toda parte novas centelhas, a guiar os povos como uma tocha na noite. Nada poderá apagar essa luz."
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