O assassinato dos Sem Terras é um crime contra a democracia
O covarde assassinato de dois integrantes do MST no Paraná é uma amostra do que está por vir se o golpe for vitorioso. Sem ter mais o constrangimento das leis, o conservadorismo mais reacionário deste país parte para uma ofensiva criminosa contra os lutadores e lutadoras deste país. O derramamento de sangue já começou.
Foram duas vítimas mortas na quinta-feira, 8 de abril, em um confronto com a polícia em Quedas do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, onde inclusive foram atingidas "pelas costas". Os Sem terra mortos no Paraná são Vilmar Bordim, casado e pai de três filhos e Leonir Orback, que deixa mulher grávida de nove meses.
Em nota, o movimento afirma ainda que os sem-terra foram vítimas de uma emboscada feita por policiais militares e por seguranças contratados pela Araupel, empresa de reflorestamento que teve a propriedade ocupada em 2014.
O fato de haver agentes do estado envolvidos nos crimes, demonstram que poderá se ampliar uma prática já corrente à muitos anos, onde membros das forças de segurança do estado extrapolam suas funções legais.
O Brasil não possui pena de morte, tal punição é vedada pela constituição. Mas as Polícias Militares de todos os estados do Brasil fazem uso deste expediente em larga escala. Somos uma das polícias que mais mata no mundo. Fora as mortes causadas pelas PMs, o uso em larga escala de torturas e agressões físicas por parte daqueles que deveriam resguardar as leis, sempre foi uma sombra em nossa democracia. Um dos resíduos mais nefastos do período ditatorial que seguem sem solução.
O fato de jamais ter sido encarado de frente este problema, fora momentos excepcionais, parece que agora irá cobrar o seu preço. Toda esta violência poderá ser instrumentalizada politicamente contra todos aqueles que ousarem lutar por uma sociedade melhor.
As perseguições e crimes contra movimentos sociais não são uma novidade no Brasil, a longa história de ataques contra o MST é apenas um exemplo incontornável desta realidade. O que poderá mudar a partir de agora é que tais expedientes poderão ser adotados em larga escala, talvez em uma dimensão nunca vista antes na história do Brasil, e o que é pior: tudo sob uma falsa máscara democrática a nublar a visão do que realmente está ocorrendo.
Não aceitar este estado de coisas, denunciar estas arbitrariedades e prestar toda a nossa solidariedade contra esta ação criminosa contra o MST é o mínimo a ser feito neste momento. Pensar alternativas que superem este grave estado de coisas é uma urgência. O assassinato dos Sem Terra é um crime contra a própria democracia brasileira.
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