O aprofundamento da crise política que culminou com o afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff e colocou seu vice, Michel Temer, como presidente interino, não teve o refluxo esperado e nenhuma sinalização de estabilização possível no curto prazo. Mesmo com Temer já agindo como se sua condição presidencial fosse permanente, contando com ampla maioria no legislativo, com o apoio de significativos setores do empresariado e da Rede Globo, tem vivido um permanente estado de crise. A situação tem tomado uma direção tal que já é possível vislumbrar uma crise dentro da própria crise que conduziu Temer e seu consórcio golpista ao poder.
Surpreende a fragilidade política demonstrada até o momento pelo governo Temer, com uma sucessiva queda de ministros, quase um por semana. Era de se imaginar que toda a articulação política capitaneada pelo PMDB e PSDB para forjar a maioria parlamentar necessária para avançar o processo do golpe, redundaria em um governo forte politicamente e com capacidade de produzir símbolos desta força já em sua largada.
Eles até tentaram, mas todas as suas tentativas de exibir "força" política se deram sob avaliações políticas equivocadas, de baixa legitimidade social e produzindo o efeito inverso ao esperado, levando o governo a suas primeiras derrotas. Um exemplo emblemático foi a decisão de extinguir o Ministério da Cultura (MinC), seguida por ampla mobilização social contrária a medida que obrigou o governo a recuar e recriar o ministério.
Até o momento, Temer tem apontado para uma política econômica de retomada de um neoliberalismo radical, reeditando algumas fórmulas que já haviam fracassado nos próprios governos petistas - Henrique Meireles é a personificação viva disto - acrescida do privatismo dos tempos de FHC.
A experiência nos ensina que velhas receitas para uma conjuntura nova, de largada, tendem ao fracasso.
Sem nenhuma política desenvolvimentista em qualquer das medidas anunciadas até o momento, as únicas "novidades" ventiladas seriam a aprovação de projetos oriundos do legislativo visando a supressão de direitos trabalhistas. Algo que não precisa ser vidente para prever que causará uma forte rejeição da sociedade. As atuais mobilizações na França são um bom exemplo.
Com isso, do ponto de vista do que tem feito e sinalizado, Temer deverá no curtíssimo prazo, ver a insatisfação social contra o seu governo entrar em uma curva crescente. Se esta insatisfação irá transcender para uma vigorosa mobilização social, é algo bastante provável, mas ainda incerto, dependendo de algumas variáveis a serem colocadas. Não pretendo aqui esgotar ou adentrar neste tema, mas apontar alguns dos elementos que envolvem a crise no governo interino de Temer. Seus desdobramentos serão um fator decisivo para o crescimento das revoltas populares, fundamentais para promover qualquer retomada e defesa da democracia no Brasil, mas seguramente não é o único fator nesta equação.
Um destes aspectos é a noção de que o impeachment foi um golpe. Após o vazamento das gravações envolvendo o senador peemedebista Romero Jucá, mesmo havendo uma forte tentativa de bloqueio do debate por alguns setores, a percepção de que houve um golpe é crescente. Isso não é uma questão menor, mesmo que não necessariamente central. A questão do simbolismo que envolve esta disputa semântica é determinante para a própria legitimidade do processo de usurpação de um governo legitimamente eleito pelo voto popular.
Um outro fator da crise do governo interino, que deverá causar profundos abalos na sua continuidade, é a crise do PMDB, onde dezenas de seus principais caciques estão envoltos com denúncias de corrupção, pedidos de cassação de mandatos e até mesmo de prisão. A queda do deputado Eduardo Cunha paira como uma bomba-relógio que todos aguardam no governo interino com aflição, esperando o momento em que irá explodir, levando consigo, como o próprio Cunha mandou avisar, segundo noticiou a imprensa, que "se cair" levará junto "150 deputados federais, um senador e um ministro próximo de Temer".
Uma amostra do porvir do inferno peemedebista venho com a delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que diz ter dado propina a mais de 20 políticos do PMDB, PT, PP, PV, DEM, PSB, PC do B e PSDB. Machado cita Temer, Aécio, Renan e Chalita, entre tantos outros. Nenhuma vez Dilma Rousseff foi citada.
A denúncia de corrupção envolvendo diretamente a figura de Temer, se comprovada, o inviabilizará e deverá provocar uma verdadeira implosão do PMDB.
No entanto, mesmo que novas denúncias de corrupção surjam, não há garantias que necessariamente teremos o necessário aprofundamento das investigações. Os instrumentos do Estado, como a Polícia Federal, podem ser usadas politicamente para preservar à alguns poderosos caciques do PMDB, a começar pelo próprio interino. Por outro lado, uma saída política conservadora, buscando abafar a tudo a partir de uma maioria parlamentar, deverá ser outra alternativa buscada por Temer.
Todas estas possíveis saídas para Temer se amparam em elementos instáveis, difíceis de manipular sem um alto custo, sempre acompanhadas de algum efeito colateral. Um aprofundamento da crise do governo Temer, o interino que sonha em ser permanente, poderá o levar a condição de afastado do cargo. A crise do PMDB, caso de fato seja levada as últimas consequências, mudará substancialmente o cenário político nacional. As proporções que isto poderia ter talvez forcem o avanço de reformas estruturais no sistema político brasileiro. Se estas mudanças irão ampliar ou restringir a participação popular dependerá, fundamentalmente, da mobilização social em torno desta agenda em disputa.
Um outro fator da crise do governo interino, que deverá causar profundos abalos na sua continuidade, é a crise do PMDB, onde dezenas de seus principais caciques estão envoltos com denúncias de corrupção, pedidos de cassação de mandatos e até mesmo de prisão. A queda do deputado Eduardo Cunha paira como uma bomba-relógio que todos aguardam no governo interino com aflição, esperando o momento em que irá explodir, levando consigo, como o próprio Cunha mandou avisar, segundo noticiou a imprensa, que "se cair" levará junto "150 deputados federais, um senador e um ministro próximo de Temer".
Uma amostra do porvir do inferno peemedebista venho com a delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que diz ter dado propina a mais de 20 políticos do PMDB, PT, PP, PV, DEM, PSB, PC do B e PSDB. Machado cita Temer, Aécio, Renan e Chalita, entre tantos outros. Nenhuma vez Dilma Rousseff foi citada.
A denúncia de corrupção envolvendo diretamente a figura de Temer, se comprovada, o inviabilizará e deverá provocar uma verdadeira implosão do PMDB.
No entanto, mesmo que novas denúncias de corrupção surjam, não há garantias que necessariamente teremos o necessário aprofundamento das investigações. Os instrumentos do Estado, como a Polícia Federal, podem ser usadas politicamente para preservar à alguns poderosos caciques do PMDB, a começar pelo próprio interino. Por outro lado, uma saída política conservadora, buscando abafar a tudo a partir de uma maioria parlamentar, deverá ser outra alternativa buscada por Temer.
Todas estas possíveis saídas para Temer se amparam em elementos instáveis, difíceis de manipular sem um alto custo, sempre acompanhadas de algum efeito colateral. Um aprofundamento da crise do governo Temer, o interino que sonha em ser permanente, poderá o levar a condição de afastado do cargo. A crise do PMDB, caso de fato seja levada as últimas consequências, mudará substancialmente o cenário político nacional. As proporções que isto poderia ter talvez forcem o avanço de reformas estruturais no sistema político brasileiro. Se estas mudanças irão ampliar ou restringir a participação popular dependerá, fundamentalmente, da mobilização social em torno desta agenda em disputa.
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