A agonia e a resistência do “Brasil profundo”


A longa marcha da dita "civilização" contra os povos originários no Brasil parece não ter fim. Em nome do "progresso", negam-se direitos básicos que jamais deveriam ser postos em questão.O direito dos povos indígenas ao uso da terra, a preservação de suas culturas e línguas foram e são atacados permanentemente no Brasil.

A situação é como se a todo um contingente de pessoas estivessem marcadas e determinadas, para toda a eternidade, como "indesejáveis" para o país, pela simples razão de serem o que são.

O massacre silencioso contra os povos indígenas é uma prova irrefutável de como a colonialidade segue a pleno vigor, incrementada por novas dinâmicas de exclusão, onde o arcaico e o moderno convivem e se retroalimentam em nome de um mesmo propósito. O objetivo já é por demais conhecido: ampliar lucros, mecanismos de exploração, submissão e assimilação que retirem as últimas barreiras de resistência ainda existentes.

No entanto, para desgosto de latifundiários (eufemisticamente chamados de "empresários do agronegócio"), os povos indígenas, cuja mera existência é tantas vezes negada ou negligenciada, existem e resistem.

Egon Heck, do secretariado nacional do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, em artigo publicado pelo IHU, resume as feições deste “Brasil profundo”, que é  "o país das raízes, da pluralidade, dos diferentes matizes, culturas, organização social, da economia coletiva e solidária, do uso coletivo do território, da convivência harmônica com a natureza e todas as formas de vida, da não acumulação, da sobriedade e simplicidade."

“Enquanto em várias capitais e regiões do pais, as sede da Funai agonizante estão sendo ocupadas para denunciar a agressiva política anti indígena desencadeada pelos ruralistas e outros setores do Congresso e endossados e ampliados pelo atual governo Temer, importantes espaços de debate e mobilização vão sendo realizados em Brasilia e em diversas regiões do país. A guerra de conquista continua com todas as suas expressões de violência, principalmente com os Guarani Kaiowá no genocida Mato Grosso do Sul."

Em meio a agonia e os ataques, a resistência indígena é como uma chama que nunca se apaga, abalando as certezas de uma nação que jamais será plena se não contiver em si o reconhecimento de toda a diversidade e riqueza cultural das nações indígenas em seu território.

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