124 anos de Walter Benjamin



Em 15 de julho de 1892, nasceu em Berlin Walter Benjamin, numa família de comerciantes judeus. Considerado um dos maiores pensadores do século XX, foi filósofo, ensaísta, tradutor e crítico literário. Sua obra é responsável por uma concepção dialética e não evolucionista da história.

Benjamin foi um “outsider” na academia, teve uma vida marcada por dificuldades de toda ordem, e no final dela, passou pelas agruras geradas pela ascensão do fascismo na Europa - agruras estas que o levaram a cometer suicídio em 1940, ao tentar cruzar a fronteira da França com a Espanha, buscando fugir do avanço nazista. A maior parte do trabalho de Benjamin foi publicada somente após sua morte. O reconhecimento e difusão de sua obra se daria lentamente ao longo das décadas seguintes, lhe conferindo o atual status de reconhecimento, jamais atingido em vida.

A abrangência de sua obra permitiu que diferentes perspectivas teóricas e disciplinares, de diferentes maneiras, se utiliza-sem de seus aportes. No início de minha formação como historiador, o pensamento benjaminiano me arrebatou com uma força avassaladora.  A sua perspectiva histórica é extremamente abrangente e fundamental para se compreender a realidade social que nos circunda.

Sua principal obra onde se expõe sua filosofia da história foi produzida poucos meses antes do trágico desfecho de sua vida, Benjamin escreveu durante seu exílio em Paris as suas Teses Sobre o Conceito de História. As Teses talvez seja um dos documentos teóricos mais importantes já escritos sobre a História, trazendo um conjunto de questões que não é possível ficar indiferente. O compromisso ético do historiador, sua crítica ao "culto ao progresso", ao historicismo e a visão linear da história, são questões basilares fundamentais para nossos tempos.

Como um pequeno tributo a este pensador imprescindível, reproduzo um dos trechos das Teses, que conserva uma assustadora atualidade neste início do século XXI.

"A tradição dos oprimidos nos ensina que o "estado de exceção" em que vivemos é na verdade a regra geral. Precisamos construir um conceito de história que corresponda a essa verdade. Nesse momento, perceberemos que nossa tarefa é originar um verdadeiro estado de exceção; com isso, nossa posição ficará mais forte na luta contra o fascismo. Este se beneficia da circunstância de que seus adversários o enfrentam em nome do progresso, considerado como uma norma histórica. O assombro com o fato de que os episódios que vivemos no séculos XX "ainda" sejam possíveis, não é um assombro filosófico. Ele não gera nenhum conhecimento, a não ser o conhecimento de que a concepção de história da qual emana semelhante assombro é insustentável."

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