Oscar é só para brancos? Sobre a polêmica ausência de indicados negros ao prêmio


Polêmica sobre a ausência de negros e negras aos indicados ao Oscar de 2016 tem ganhado força nas redes. Ganhou mais volume a partir do anúncio do diretor Spike Lee e a atriz Jada Pinkett Smith de que não vão à cerimônia do Oscar em repúdio a esta ausência e sua campanha pelo boicote a premiação deste ano.


A ausência de atores negros entre os indicados é uma cena que já tinha acontecido em 2015. Ano passado, polêmica da falta de diversidade do Oscar começou quando a diretora de "Selma", Ava DuVernay, e seu protagonista, David Oyelowo, não apareceram entre os indicados pela Academia. Na época, internautas criaram da hashtag #OscarsSoWhite nas redes sociais como forma de protesto.

Não ter indicações a atores negros em todas as categorias por dois anos seguidos é incomum história recente do Oscar; a última vez em que isso havia acontecido foi em 1997 e 1998. Acho importante as pessoas criticarem a ausência de negros nas indicações e nas premiações ao longo da história desta premiação da indústria cinematográfica norte-americana.  Em 87 anos de Oscar, dos 348 prêmios distribuídos nas categorias de atuação, apenas 15 foram para atrizes e atores negros.

Um parêntese: vejo pouca gente questionando a própria validade do Oscar como critério para avalizar se um filme ou artista são de fato "os melhores do ano". Quantos clássicos jamais ganharam qualquer estatueta? Quantos grandes diretores, atrizes e atores não ganharam nenhuma ou sequer foram indicados?

Fechando este desvio e voltando a polêmica atual, o fato é que a quase totalidade dos produtores, diretores e donos de estúdios em Hollywood são brancos, ostentando uma visão de mundo em geral estreita e pouco permeável a diversidade cultural das sociedades contemporâneas. Uma recente pesquisa do Sindicato dos Diretores dos EUA constatou que entre 2013 e 2014, 82% dos filmes foram dirigidos por homens brancos.

Estas polêmicas podem, ainda que muito lentamente, colaborar para modificar este panorama excludente. Não veremos rupturas abruptas na forma como a sociedade é retratada nos filmes de Hollywood, todas as mudanças sempre foram lentas e sujeitas a domesticação de seu potencial criativo transformador. Pode ser um pouco fugaz esta crítica. mas sem que elas sejam externalizadas, sem que os espectadores questionem a isto, teremos poucas chances de conseguir de fato mudar este panorama.

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