Temer admite que golpe é golpe e perseguição política contra Dilma




Em um raro e inesperado momento de honestidade retórica - ou de "sincericídio", diriam alguns -  o presidente interino Michel Temer, em entrevista ao canal GloboNews, cometeu um ato falho e acabou admitindo que o golpe é golpe e, o mais grave, que as restrições que o Planalto tem imposto a presidenta Dilma com relação ao uso dos aviões da FAB  se devem a mais pura perseguição política.



Para quem tem dúvidas com relação a autenticidade da fala, pode conferir no vídeo a seguir o trecho em que Temer usa a expressão golpe.





Em outro trecho da entrevista, o interino tenta justificar as razões que, em seu entender, o processo de afastamento da presidenta é legitimo. Pouco convincente, repete argumentos que já foram exaustivamente replicados pelos caciques do PMDB, PSDB e cia, assim como pelos editoriais dos veículos de comunicação, direta ou indiretamente, vinculados as organizações Globo. Nenhum argumento digno de nota.  Alias, nota-se como as entrevistas de Temer pouco ou nada acrescentam no cenário político. Conduzidas por jornalistas domesticados e que raramente tocam em temas delicados, e quando o fazem é apenas de forma protocolar, sem jamais colocar o interino em alguma situação delicada. A regra é blindar a imagem de Temer.

A única exceção a este script é quando o próprio interino comete algum deslize e se abrem algumas raras brechas, como nesta entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila da GloboNews. O mais significativo desta entrevista, mais do que a frase pinçada onde Temer deixa escapar a expressão golpe, é o seu reconhecimento que os motivos que levaram o Planalto a impôr uma série de restrições a presidenta eleita se deram por razões políticas.

Fundamentalmente pelo temor de a presidenta Dilma conduza pessoalmente um processo de mobilização social mais vigoroso de resistência democrática. A versão oficial do governo interino sempre foi de que tais medidas seriam para atender a exigências legais. Na verdade o processo foi inverso, o governo interino buscou as brechas legais necessárias para poder impor restrições a ação política da presidenta afastada.

Esse não é um fato menor e se soma a uma onda de arbitrariedades e outros fatos graves que configuram este governo interino como claramente usurpador da democracia, escancarando seu caráter golpista. A polêmica se é um golpe começa a ser superada, pois é algo que o próprio Temer acabou admitindo nesta entrevista.


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