A verdadeira "caçada humana" promovida contra o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva ganhou mais um capítulo. A Justiça Federal de Brasília aceitou denúncia contra Lula por "obstrução da justiça", mesmo sem haver uma única prova que justifique a decisão. Com a decisão, Lula torna-se réu no âmbito da Lava Jato, situação exaustivamente explorada pela imprensa quase que imediatamente após a publicização da decisão. A decisão ganha ares de um revanchismo implacável por se dar em menos de 24h depois de Lula denunciar os abusos de poder do juiz Sérgio Moro junto ao Tribunal da ONU. Curiosamente, uma denúncia aceita pelo mesmo juiz que já foi acusado de atrapalhar o andamento da Operação Zelotes, que investiga um mega esquema de corrupção. Uma situação no mínimo estranha.
Como nos recorda Laura Capriglione, na página dos Jornalistas Livres, o juiz da Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita, o juiz que transformou Lula em réu teve a capacidade de ser denunciado pelo próprio Ministério Público Federal.
Reportagem publicada pela Folha, em 20 de junho de 2015, mostrava o Ministério Público reclamando de várias decisões judiciais de Ricardo Augusto Soares Leite que dificultaram a obtenção de provas contra os fraudadores da Receita..
“O juiz Ricardo Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu escuta telefônica e não autorizou buscas e apreensões.”
“A Procuradoria já representou contra Leite na Corregedoria do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em abril. Segundo a Folha apurou, se nenhuma medida for adotada pela corregedoria do Tribunal, a Procuradoria da República no Distrito Federal vai recorrer ao Conselho Nacional de Justiça.” A reportagem ainda apontava, “segundo a polícia, multas contra empresas somando R$ 19 bilhões tiveram o julgamento alterado pela ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão.”
Pois não é que exatamente esse juiz da 10º Vara Federal, que, segundo o próprio Ministério Público Federal, dificultou a punição dos fraudadores da Receita, é exatamente esse o homem que transformou Lula em réu?
Como já levantei alguns meses atrás, aqui neste blog, no que depender do aparato político-jurídico-midiático momentaneamente forjado para o assalto final ao poder, Lula já está condenado, mesmo sem ter crime algum provado. Ao longo de vários meses em que um verdadeiro exército de investigadores da Política Federal, Ministério Público, alguns dos mais experientes repórteres investigativos da Globo e cia, esquadrinharam, de forma ininterrupta, cada aspecto da vida privada de Lula, sem nada encontrar, provam que a existência ou não de um crime é um mero detalhe.
A acusação de obstrução de justiça, sem materialidade alguma, é mais um exemplo da parcialidade que impera neste momento nos aparatos de justiça no Brasil. Lembremos das gravações envolvendo os pemedebistas Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, que até o momento seguem sem nenhuma investigação similar a empreendida contra Lula.
Lula poderá eventualmente não ser preso, esse talvez nem seja o objetivo central de toda esta operação. O principal objetivo é tornar o ex-presidente inelegível, impedido de disputar as próximas eleições presidenciais, originalmente previstas para 2018. Caçar seus direitos políticos parece ser o caminho mais "suave" para a consolidação final do golpe, promovendo um ajuste "pelo alto", com ares de uma tecnicidade imparcial que judiciário emprestaria a operação, impedindo toda e qualquer reação popular ao arbítrio que impera atualmente no Brasil.
Eles terão sucesso?
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