Uma poesia de Maiakóvski em meio ao golpe


31 de agosto de 2016, o dia em que 61 senadores aprovaram o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, anulando a vontade soberana de 54 milhões de brasileiros e brasileiras. Foram 61 votos para Michel Temer assumir a presidência de forma definitiva.

Na primeira manifestação da presidenta Dilma após aprovação do golpe parlamentar,  ela manteve a altivez e a força que lhe caracterizaram em todo este processo. A ironia de toda esta crise, como a própria presidente afirmou, é que "causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados."

O momento é difícil e seguramente é dor e indignação frente a este ataque contra a democracia. Momento de não permitir que o desânimo nos consuma e buscar forças para organizar a resistência. Afinal, "a descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras".

Seguramente é difícil, mas iremos resistir e superar essa tormenta que assola a democracia brasileira, que acaba de sofrer um duríssimo golpe.

Um bom caminho podemos encontrar na poesia, como sugerido pela presidenta. Ao final de seu pronunciamento, Dilma resgatou uma bela referência ao poeta russo Vladímir Maiakóvski, de seu poema "Então, que quereis?", pertinente e atual para nosso momento.



Não estamos alegres,


é certo,

mas também por que razão

haveríamos de ficar tristes?

O mar da história

é agitado.

As ameaças

e as guerras

havemos de atravessá-las,

rompê-las ao meio,

cortando-as

como uma quilha corta

as ondas.

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